O autoritarismo e a violência histórica brasileira
A história brasileira é marcada por uma série de acontecimentos que prova
objetivamente a sua face violenta e autoritária, e para provar essa afirmativa que aqui comento,
vou enumerar nesse texto diversos fatos que comprovam isso, usando a vertente da resistência
ancestral que demonstra claramente essa exploração violenta, tendo em vista que, se tem
resistência, logo, se tem violência, pois nenhum ser humano é resistente a algo que seria bom
e prazeroso a ele.
Os habitantes ancestrais de nossa terra Brasilis, viviam aqui, segundo Eduardo Góes
Neves (2022, p.184) “há pelo menos 12 mil anos, há tanto tempo quanto em outras partes da
América”, logo, concluímos que as tribos tinham suas culturas próprias assim como seus
modelos sociais de sobrevivência.
Já em relação ao povo africano que foi trazido pra cá de forma escrava, não temos
dúvidas quanto à violência e autoritarismo enfrentados por estes, tendo em vista que a
exploração do ser humano como coisa, ou melhor, a coisificação do ser humano já demonstra
por si só a violência em si.
Contextualizando esse raciocínio anterior podemos dizer que a resistência indígena e
africana se refere às diversas formas de luta e enfrentamento que os povos indígenas e africanos
desenvolveram ao longo da história contra a colonização, a escravidão, a exploração e a
opressão impostas pelos colonizadores europeus. Essa resistência ocorreu em diferentes
contextos e assumiu múltiplas formas, desde revoltas armadas até estratégias culturais e
religiosas de preservação de identidades e tradições.
A resistência indígena começou logo após a chegada dos europeus no final do século
XV. Os povos indígenas enfrentaram a invasão de seus territórios, a escravização, a conversão
forçada ao cristianismo e a destruição de suas culturas.
Esses confrontos se deram de diversas formas, desde as revoltas armadas dos tamoios,
guaranis e tupinambás aos confrontos culturais, que muitas tribos preservaram em forma de
rituais religiosos, utilização de ervas e até mesmo de sua linguagem, provando assim que a
resistência pode ser silenciosa.
Essa resistência a violência e ao autoritarismo do colonizador, também teve seus
momentos de alianças estratégicas, assim como fugas, fugindo do controle colonial para
formarem comunidades autônomas como os “quilombos indígenas”. O que foi constatado por
Neves (2022) em seu texto: “Do mesmo modo, embora a colonização europeia tenha causado um impacto violento nos modos de vida antigos dos povos indígenas…. e são resultantes históricas de eventos marcados por conflito, aliança, fuga ou abandono…” (Neves, 2022, p.189)
Quanto a resistência africana, ocorreu tanto no continente africano quanto nas
Américas, onde milhões de africanos foram escravizados e trazidos à força. Assim surgiram as
revoltas como por exemplo a dos Malês em 1835, a formação dos quilombos, a resistência
cultural, assim como no caso dos indígenas, pela preservação das raízes religiosas, linguísticas,
de danças e musicais como por exemplo o samba.
Com todo esse arcabouço histórico podemos constatar que nossa terra, desde seu dito:
“descobrimento” pelos europeus vem sofrendo com esse autoritarismo típico dos exploradores,
que entendem ter uma superioridade diante dos povos ancestrais, o que demonstra a total
inferioridade intelectual europeia, tendo em vista a grande preservação ambiental que os povos
precursores da humanidade desempenharam e ainda desempenham.
Por essa e outras razões Davi Kopenawa e Bruce Albert (2015) descrevem o povo
branco como os “comedores de terra” e situa eles como exploradores da natureza e destruidores
da vida, que pela sanha do capitalismo acabam por violentar a natureza e consequentemente a
vida.
Já em relação a escravidão afro-brasileira, a violência teve um impacto crucial para a
formação de uma sociedade hierarquizada, com base na cor da pele, onde os descendentes de
africanos ocupam, em grande parte, as camadas mais pobres da população. Atualmente, há
debates sobre a necessidade de políticas de reparação histórica, como cotas raciais em
universidades e concursos públicos, além de iniciativas para valorizar a cultura afro-brasileira
e combater o racismo estrutural.
A resistência indígena e africana ao autoritarismo e violência europeus, deixou um
legado profundo na formação das sociedades contemporâneas. Ela contribuiu para a luta pelos
direitos humanos, a valorização das culturas indígenas e africanas, e a construção de
identidades nacionais mais plurais e inclusivas. Hoje, movimentos sociais continuam a lutar
pelo reconhecimento e reparação histórica desses povos, destacando a importância de sua
resistência na construção de um mundo mais justo e igualitário.
Alexandra de La Torre